5º FICHAMENTO - Prevenção da dengue: a informação em foco
LENZI, M. de F.; COURA, L. C.
“A ocorrência da dengue em forma epidêmica já não pode ser considerada uma singularidade no Brasil. Desde 1986, vários estados brasileiros já conviveram com epidemias de grandes proporções. O número de casos de dengue notificados no país representa cerca de 80% do total de casos registrados nas Américas15, e, de acordo com a Fundação Nacional de Saúde, a distribuição da dengue pelo país, segundo os sorotipos circulantes até 2001.” (p.1)
“Vale citar que o município do Rio de Janeiro, área mais afetada do Estado, teve registrados oficialmente no período 1986 a 2001, o total de 187.329 casos de dengue e 34 óbitos. Comparando-se esses números ao primeiro trimestre do ano de 2002, nota-se que a situação se agravou drasticamente com a circulação do novo sorotipo: foram 95.463 casos notificados no município (44% do total acumulado), sendo 571 de dengue hemorrágica e 31 mortes numa população de aproximadamente 5.500.000 pessoas as quais se sentem hoje ameaçadas por uma epidemia mais letal que as passadas. Cabe ressaltar que esses números são indicadores parciais, pois a não notificação dos casos é um fato que interfere diretamente nesse panorama.” (p.2)
“Os materiais informativos produzidos e divulgados em uma campanha de saúde pública podem ter grande relevância no esclarecimento da população sobre a doença e sua prevenção, orientando sobre sintomas relativos a dengue clássica e a hemorrágica, além dos cuidados com focos domésticos, através da divulgação de informações científicas em linguagem popular, possibilitando a compreensão da etiologia, sintomatologia e medidas de controle.” (p.2)
“Pode-se considerar que a campanha conseguiu a atenção e adesão da população, amedrontada com a velocidade do surgimento de casos graves e óbitos, mas, apesar do grande investimento, a população ainda mostrava ter muitas dúvidas sobre a doença e se sentia despreparada para enfrentar a epidemia. A desinformação foi percebida pairando sobre todas as classes sociais. Esse fato chegou até às páginas dos jornais, tornando ainda mais evidente a necessidade de reflexão sobre a qualidade do trabalho de esclarecimento realizado.” (p.3)
“Como em outras campanhas, uma maior ênfase foi dada aos tipos de reservatórios que servem à procriação do A. aegypti, devido à maior complexidade no que se refere à sua eliminação ou controle, já que a maioria deles se localiza no interior dos domicílios, ficando sujeitos aos cuidados de seus moradores, que foram convocados a entrar na “guerra contra a dengue”. Para esse fim ressaltou-se a necessidade da participação da população no cuidado com a casa, usando slogans do tipo: “Dengue: acabe com esse perigo na sua casa” ou “Dengue: o problema é de todos, a solução também”.” (p.4)
“Em relação aos pratos de plantas que são freqüentemente encontrados com acúmulo de água e presença de larvas do A. aegypti, observa-se diferentes abordagens no tratamento desse recipiente nos folhetos analisados. O folheto 1 é o mais preciso quanto a forma mais adequada de evitar a procriação do vetor, orientando para a colocação de areia até a borda do pratinho. Já os folhetos 2 e 3 propõem a lavagem dos pratos com escova ou pano semanalmente, para mantê-los livres dos ovos de mosquito. Essa medida é menos prática, pois necessita ser repetida com freqüência, podendo incorrer no esquecimento ou negligência.” (p.5)
“Atualmente, as bromélias não são relevantes na multiplicação do vetor, porém a ênfase dada em relação aos cuidados com a planta e até mesmo à sua eliminação, pode ter como justificativa o desenvolvimento na década de 80, do hábito de cultivar plantas em água descrito por Lima e cols8 como um elemento que, ao se generalizar, mudou a situação dos focos de A. aegypti no Rio de Janeiro.” (p.5)
“Em nível de planejamento, os componentes de informação, comunicação e educação (IEC) precisam ser melhor utilizados a partir de uma horizontalização dessa ação, mudando o caráter campanhista que ainda predomina no campo da saúde. A inclusão de grupos sociais organizados na discussão de o quê e como informar, acresceria na qualidade da campanha. É importante sempre levar em conta que muitos moradores de áreas carentes da cidade do Rio de Janeiro são semi analfabetos, e por isso têm grande dificuldade quanto a leitura de folhetos, principalmente aqueles sem nenhuma ilustração.” (p.7)
“Não é impossível controlar os níveis de infestação do A. aegypti em nosso território, de forma a reduzir ao mínimo a circulação da dengue. Precisamos para isso, que o governo faça a sua parte e que a sociedade seja, de fato, considerada aliada, e para tal, precisa ser respeitada e bem informada para que possa exercer seu papel, controlando e colaborando com o processo em toda a sua extensão.” (p.7)
Fichamento feito por Telma Souza de Lavor, aluna do curso de Odontologia da Faculdade de Ciências Aplicadas Dr. Leão Sampaio.
Fonte do artigo: www.scielo.br/pdf/rsbmt/v37n4/21191.pdf
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